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Empreendedorismo feminino na Amazônia: mulheres lideram cases inovadores que carregam a herança cultural da região
Diversas iniciativas criativas que focam na sociobiodiversidade amazônica têm mulheres à frente dos negócios; dados do Sebrae revelam que existem 720.542 empreendedoras na região Norte
Por Mayrá Castro
20/07/2023 07h01 Atualizado há um ano
Ter sido jurada de uma competição internacional de startups femininas, o Aurora Tech Award, com empreendimentos de todos os continentes, me fez entender que existe um DNA em cada lugar. Isso me fez indagar qual seria o DNA do empreendedorismo feminino amazônico e a resposta foi imediata. A linha condutora do empreendedorismo feminino na região é a inovação.
O que me conduz a essa resposta é a experiência que tive conhecendo empreendimentos femininos ou liderados por mulheres de diversas áreas. Na Amazônia, existem dois fatores únicos e específicos, a cultura e os saberes tradicionais, que compõem os valores da sociobiodiversidade regional. Além disso, existe uma outra peculiaridade quanto a produção de conhecimento científico, pois é comum e recorrente a interação entre academia e as comunidades ou a produção acadêmica em torno de problemáticas regionais.
A empresa de cosméticos Pharmakos é um exemplo, pois tem a sua produção pautada em pesquisa e desenvolvimento e tem um trabalho consolidado com os saberes de comunidades tradicionais que fazem parte da cadeia de valor da empresa. Hoje, a Pharmakos é liderada por Samara Rodrigues, filha do fundador, e é uma empresa premiada.
Quando fui jurada de uma outra competição, dessa vez do programa Mulheres Inovadoras Norte da Finep, me deparei com diversas empresas regionais com alto valor agregado. A Konioca, foodtech ganhadora da edição e fundada pela Marcela Martins, conseguiu desenvolver um maquinário patenteado, com uma fórmula exclusiva de goma de mandioca em formato de cone.
Na área de alimentos, é notório no dia a dia o quanto se cria novas receitas com os mesmos ingredientes. O caso da Oca Taberna, marca de cozinha experimental criada pela chef Raquel Sobral, representa bem esse aspecto. O ceviche de filhote - um peixe local - com "leche" de tucupi é um exemplo das iguarias. As possibilidades de criação são inúmeras, tendo em vista o uso dos PANCS (produtos agrícolas não convencionais) pela chef paraense.
Vale ressaltar o prêmio Sirha que a empresa Manioca ganhou na França com o tucupi. Fundada por Joana Martins, a Manioca tem como propósito levar a Amazônia para o mundo por meio dos alimentos e valores regionais. Afinal, a culinária é parte intrínseca da cultura amazônica.
São inúmeros os exemplos e casos de empreendedorismo feminino regional que carregam esse DNA de forma natural e criativa.
Levar o cinema para as periferias e comunidades tradicionais chega a ser disruptivo e esse é o trabalho do Telas em Movimento, criado pela empreendedora e multiartista Joyce Cursino. A ideia é democratizar o acesso ao cinema e proporcionar formação em audiovisual para a juventude, estimulando a criação e desenvolvimento de narrativas amazônicas pelas próprias pessoas locais.
Falando em comunidades tradicionais, o caso da Elenilza Monteiro é um aprendizado. Localizado em uma ilha em frente a Belém há mais de 20 anos, o Ilha Branca é um negócio familiar que conseguiu fazer uma expansão nos últimos dezoito meses, sem acesso a crédito ou financiamento. O segredo está no desenvolvimento de parcerias que a dona Elenilza conseguiu estabelecer. Hoje, o Ilha Branca se tornou um complexo turístico de base comunitária que conta com restaurante, passeios, eventos e hospedagem em quartos muito bem estruturados, atendendo clientes locais e internacionais.
Segundo dados do Sebrae de 2021, existem 720.542 empreendedoras no Norte do Brasil. A maior concentração se encontra no estado do Pará, com 376.366 empreendedoras, ocupando o oitavo lugar no ranking nacional. De acordo com o relatório do Global Entrepreneurship Monitor, de 2014, sobre empreendedorismo no norte do Brasil, "as mulheres são mais ativas que os homens em termos de atividade empreendedora inicial". Na região Norte, a taxa de empreendedorismo inicial de mulheres também é superior à do Brasil e demais regiões, sendo 20,8% e 17,5% respectivamente, o que demonstra a potência de mercado das mulheres nortistas.
O que se sabe comumente é que mecanismos de financiamento e investimento não contemplam o vasto universo de empreendedorismo feminino na maior biodiversidade do mundo. E ainda assim, inúmeros são os casos de empreendedorismo feminino de sucesso, inovadores, criativos e que carregam a herança cultural de um dos lugares mais cobiçados do mundo.
Nascida na Amazônia, Mayrá é fundadora da empresa InvestAmazônia, de design de projetos e parcerias na região. Advogada, designer de conexões e parcerias e mestre em Direito Internacional e Europeu pela Universidade de Genebra, na Suíça, Mayra morou 6 anos na Europa e tem 15 anos de experiência em desenvolvimento de parcerias, design de projetos, tradução cultural e construção de equipes. É TEDx speaker, conselheira emérita do Capitalismo Consciente, palestrante, embaixadora do Seedstars World no Brasil e jurada de competições de start-ups.
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